terça-feira, 26 de maio de 2009

galos, noites e quintais

eu sempre ouvi os galos cantando de madrugada. os do nosso quintal e os de outros quintais fizeram parte de toda a minha adolescência, nas chegadas silenciosas ou temperadas de sermão. muitas vezes fui dormir com um "cucurucu" a longas distâncias. já comi empada feita de galo de casa. quando havia dois para dividir o mesmo harém de galinhas, um sempre saía perdendo. meu pai colocava água com sal no olho ensanguentado do bicho que brigava com desvantagem, até ele melhorar. as duas noites passadas me fizeram rir - veladamente - me fazendo perceber o quanto um galo pode ser inconveniente. principalmente quando é jovem (o galo). o relógio da greja do rosário está estragado, mas o galo da vizinha de trás fez direitinho o papel das badaladas. e até com mais eficiência, porque o canto era de cinco em cinco segundos. "eu vou matar esse galo", ouvi, entre um sono e outro. e ri, meio dormindo, meio acordada. frustradas as tentativas de calar o bico do bichinho. o galo permeneceu forte em seu posto de rei do galinheiro. quintal com galinhas é uma coisa tão engraçada, tão peculiar... pois então... (isso é linguagem de dona branca, acho que tenho a licença dela...). hoje, a simpática senhora nossa vizinha, percebendo a tentativa desesperada de um insone de derrubar o galo do pé de acerola, bate em nossa porta. nem a donatela latiu, de tão doce a senhora. chegou-se a um acordo: daremos um jeito esta noite - vamos tentar transferir o galo de galho, para termos uma boa noite de sono. amanhã a vizinha vai dar um jeito...
cá entre nós, esse pode ter sido um sinal de que torcer pro galo realmente não é um bom negócio.

2 comentários:

Paola disse...

A Ciça... eu nunca me esqueço da Ciça!
Um beijo no seu coração :)

Paola

Mariana Paz disse...

to sentindo um geitinho da Adelia Prado nesse texto.
Gostei da história do galo.
beijinhos do Tomás e meus.